Jundiaí recebe no próximo domingo a exposição “Da carta ao e-mail: Por onde anda a comunicação?”, no Museu Histórico e Cultural “Solar do Barão”. Fui bater um papo com o diretor do Solar, Jean Camoleze, e conhecer os bastidores da mostra, parte da 8ª Primavera dos Museus e que segue até o dia 27 de setembro.
Foto da foto: a primeira televisão de Jundiaí
A Primavera dos Museus é um evento promovido pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus), acontecendo anualmente em meados de setembro, com o objetivo de unir os museus brasileiros a partir do esforço de criar programações dentro de um mesmo tema – neste ano, “museus criativos”. O “Solar do Barão” apostou na comunicação para promover uma exposição inédita em seu formato na cidade.
“Da carta ao e-mail: Por onde anda a comunicação?” é uma reflexão a cerca dos caminhos que nossa sociedade tomou e quais são os próximos passos. “Não temos a resposta definitiva [para o título da exposição], ela é construída no nosso dia a dia”, diz Jean. A mostra reúne máquinas de escrever e fotográficas, equipamentos de áudio e vídeo, cartazes de filmes, imagens históricas e uma série de objetos que narram o desenvolvimento da comunicação em Jundiaí.
Vitor Fernandez, o Vitão, um dos responsáveis pela confecção da cenografia
A cenografia está sendo confeccionada por funcionários do museu. “Nós estamos fazendo todo o layout dessa exposição, será algo bem interativo e dinâmico”, garante. Além disso, “Por onde anda a comunicação?” foi criada sob o ponto de vista de seis diferentes curadores. “Nós trabalhamos muito com a ideia de curadoria colaborativa, ou seja, uma exposição ter um único curador é muito difícil, limita. Isso é legal porque dá uma dinâmica, uma dialética muito legal para a exposição.”
Como uma agência especializada no assunto, nosso papel é entender e acompanhar as mudanças que a comunicação sofre diariamente. Em Jundiaí, ela é fundamental desde a época pré-colonial, onde havia forte presença indígena — o museu tem em seu acervo peças como vasos e urnas funerárias que remetem a essa comunicação primitiva. “Uma das coisas interessantes é que Jundiaí é um dos poucos lugares no país onde os quilombos e os índios se unificaram, e isso também é uma relação de comunicação”. A exposição abordará ainda outras formas de se comunicar até chegar ao meio digital, algo relativamente novo e complexo. “Na área de arquivo [do museu] mesmo nós temos hoje um grande debate, que é como preservar os arquivos digitais.”
Jean, frequentador assíduo do MIS-SP (Museu da Imagem e do Som de São Paulo) — conhecido por suas exposições grandiosas e que colocam literalmente o público dentro do tema exposto – garante que “a interação é muito importante hoje, sem dúvida nenhuma”. Contudo, há um problema nisso. “Não existe mais o sujeito passivo, nem na educação, nem na cultura. Todos nós somos protagonistas e agentes históricos, e só a relação interativa não é suficiente para uma exposição causar um entendimento ou indagação problemática. [É necessário entender] qual é o fator que essa exposição relaciona com o meu cotidiano, com as minhas relações sociais.” QR Codes e selfies publicadas em tempo real na página do museu no Facebook garantem a interatividade da mostra, promovendo um paralelo entre passado e presente e discutindo a banalidade das coisas. “Antigamente as famílias de classe média alta tiravam uma foto no ano, a família inteira ia para o estúdio para esse momento. Hoje, uma jovem tira 40 fotos em um minuto no espelho do banheiro, mais do que o homem tirou quando foi à Lua! Foram apenas cinco fotos.”
Entre os itens que estarão em “Por onde anda a comunicação?”, cartazes dos filmes de Mazzaropi e da Jundiá Filmes, pioneira na produção cinematográfica na cidade nos anos 50, chamam a atenção. A programação terá ainda, além da exposição, debate sobre a comunicação na sociedade contemporânea, exibição do documentário “Imigrantes”, produzido pela Tainan Franco, apresentação da comédia musical “Amor Sem Limites”, situada na época de ouro do rádio, e ações educativas com estudantes. Você pode conferir a programação detalhada no site da Revista Apê Zero 1. A abertura, no domingo (21), acontecerá junto do Café com Música, evento promovido pelo museu e que leva o público para conhecer o jardim do Solar.
“O que eu mais quero é que as pessoas se apropriem desse museu, ele não tem dono, é da cidade, da população. Então, venham para a exposição, questionem, critiquem nosso trabalho, mas, o mais importante, reconheça que você faz parte dessa história. Aqui no museu a história é construída por todos. Como a gente brinca, o Solar é do Barão, mas o museu é nosso. Fiquem à vontade.”
Jean Camoleze, diretor do Solar do Barão
Todas as fotos por Gustavo Koch. A imagem do cartaz do filme “O Corintiano” foi cedida gentilmente pelo Museu Histórico e Cultural “Solar do Barão”.
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