Há algumas semanas tenho adiado o momento de sentar e escrever este texto. Não que falar sobre comunicação seja um bicho de sete cabeças, o problema, se é que devo chamá-lo assim, está na velocidade como ela, a comunicação, se transforma a cada dia.
Entre o nascimento da ideia e o momento em que digito essas palavras, prefeituras se casaram no Facebook, pessoas pediram a volta da ditadura militar (entre outros absurdos) e a Kim Kardashian equilibrou uma taça de champanhe no bumbum. E por mais que não pareça, tudo isso é parte do que vou chamar aqui de “nova comunicação”.
É difícil falar sobre algo que não existe. Ou melhor, que existe, mas não foi escrito. Pouco se fala sobre os processos que a comunicação vem sofrendo ao longo do tempo, e muito menos sobre as formas de linguagem e dialetos que surgiram na internet. Salvo alguns trabalhos acadêmicos, a quantidade de material sobre o tema é quase nula.
Aquela pausa básica no turismo para publicar uma foto, quem nunca?
A “nova comunicação” começou há cerca de 10 anos, quando as redes sociais ganharam força. Do “add só com scrap” ao forninho que caiu muita coisa aconteceu. Até a Juliana desmaiou. E eu, que nasci quando a linguiça ainda tinha trema, encaro isso de uma maneira muito natural. Mas será que todo mundo compreende essas mudanças que a comunicação tem sofrido?
Para compreender o assunto é necessário estar aberto a novos conceitos e por dentro do que é a social media hoje em dia, nicho profissional que surgiu para por rédeas nesse universo à parte que é a web e tudo que acontece nela. Além disso, é preciso estar em dia com as mudanças culturais e comportamentais globais, que influenciam a fundo o que é dito e replicado por aqui (na internet).
Aceitar a ideia de que não existe uma linguagem universal na internet também é necessário. Os áudios do WhatsApp, os vídeos de 15 segundos no Instagram e até aquele gif animado que a sua tia publicava no seu mural do Orkut fazem parte da “nova comunicação”, que é, em outras palavras, o resultado da união entre diferentes elementos de linguagem, meios de comunicação e conteúdo.
Os tais memes, aqui bem explicados pelo pessoal do youPIX, são uma das novas formas de comunicação que surgiram. Eles transformaram a ideia de uma imagem falar mais do que mil palavras em realidade, permitindo novas compreensões a cerca dos acontecimentos e maneiras de se expressar, seja no mundo virtual ou fora da tela – ou vai dizer que você não segurou nenhum forninho hoje?!
As redes sociais são parte fundamental desse processo, servindo de canal de comunicação. Embora permitam que criamos a imagem pessoal que quisermos, elas nos provocam a buscar por alternativas na hora de transmitir uma mensagem da maneira mais correta ou clara quanto ao sentido que queremos empregar – vide o Twitter, que reduz nossas ideias mirabolantes a 140 caracteres de pura síntese.
Outro fenômeno que podemos observar é a interação entre os mundos on e offline, que se relacionam criando realidades levadas a sério, mas formadas por elementos fantasiosos – como exemplo, a campanha de doação de sangue “Casamento Vermelho”, fruto do matrimônio virtual entre as Prefeituras de Curitiba e do Rio de Janeiro. Nesta onda, pegamos carona e criamos a ação de marketing de guerrilha Atitude Rosa!
O aumento da presença online fez com que buscássemos humanizar o modo como nos expressamos na rede. Adaptação é o nome que se dá a esse processo, que é comum, parte da natureza humana, mas que se torna complexo se observado pelo prisma gramatical, onde críticos ferrenhos de tudo que é novo se apoiam para rechaçar quaisquer atitudes e personalidades que a comunicação tome e sejam diferentes do ditado pelas regras de linguagem.
Logo, o grande lance da “nova comunicação” é se fazer entender, seja através de texto, imagem, áudio ou da combinação dessas ferramentas e muita, muita mesmo, criatividade. Vale até quebrar uma regra ou outra – e por mim, tudo bem! – para que a mensagem seja transmitida corretamente. Contudo, há quem ainda ache a comunicação imutável, inflexível.
Compreender esses acontecimentos pode não ser fácil, ainda mais quando a internet é soterrada por referências, antigas e novas, a todo tempo. Ainda bem que, como diz a música, é natural que seja assim.
Agora, por fim, já dá para dizer que a comunicação mudou sim. E se você reclamar, ela vai mudar ainda mais. 😉
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